‘Galado’ é uma palavra que verdadeiramente serve como teste pra saber se alguém é ou não potiguar, algo que é exclusivamente nosso e que causa curiosidade nos turistas que visitam a nossa cidade. Muitos acham até que a palavra possui conotação sexual, relacionada ao espermatozoide, mas não, nada a ver com isso – pelo menos não diretamente. Para quebrar todo esse seu preconceito, vamos contar aqui a história dessa expressão.
Há pessoas que contestam essa versão, mas é a mais próxima da realidade e que é mais reproduzida por todos.
SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
Como vocês provavelmente já devem saber, devido à sua localização estratégica, Natal foi uma importante base americana durante a II Guerra Mundial. A presença de 10 mil soldados em uma cidade que possuía 50 mil habitantes alterou drasticamente o dia a dia do natalense, influenciou de forma significativa na nossa cultura e no jeito do potiguar ver o mundo. Naquela época, Natal realmente respirava ares provincianos, as praias da cidade eram verdadeiras vilas de pescadores e não existiam nem metade dos bairros que você conhece hoje.
A cidade foi obrigada a se desenvolver e a fornecer estrutura suficiente para que todos esses soldados fossem muito bem acolhidos. Isso foi importante para todos os estabelecimentos de Natal e ajudou bastante para o nosso desenvolvimento. Façam as contas: uma cidade de 50 mil habitantes não tinha ‘boyzinha’ suficiente pra matar a “carência” dos 10 mil gringos que estavam por aqui; foi aí que uma visionária criou um dos empreendimentos de maior sucesso no Rio Grande do Norte: O Cabaré de Maria Boa, prostíbulo que levava o nome da empreendedora.
Foi um sucesso absoluto! Maria era amada por todos os soldados, ela fez muito combatente morrer feliz (risos). O lugar bombou tanto que foi necessário desenvolver um mecanismo de ‘controle’ para tornar mais seletivos os frequentadores do estabelecimento. Foi decretado que o local só atenderia a quem estivesse vestido em traje de gala, era um modelo de acompanhante de luxo no sentido literal e de modo reverso.
Os nativos, observando aquela “presepada” e provavelmente despeitados começavam a falar “Olha, lá vão os galados”. Foi assim que a palavra se popularizou na cidade e começou a ser utilizada em outros contextos. Hoje “galado” é uma palavra praticamente curinga, você pode utilizar ela contextualizando tanto em um elogio, quanto em uma crítica.
Esse post serve, principalmente, pra quando alguém tentar te repreender quando você soltar um ‘vai te rear, galado’ você para e conta pra ele a importância histórica da palavra e ainda dá uma mini-aula de Natal e a II Guerra Mundial.
Por Mateus Ângelo/Todo Natalense